Fim de tarde, e a chuva a pegava de surpresa.
Para atravessar agosto precisava de fé, e para dezembro de um guarda-chuva.
Atravessava a velha rua onde fora criada, mas ao seu redor a dimensão de tudo havia mudado. Talvez tivesse mesmo crescido consideravelmente desde o último ano que estivera ali.
A rua conhecida lhe possibitava entrar em devaneios enquanto caminhava até seu destino.
Em sua cabeça rolava um calmo som country que lhe tranquilizava e lhe proporcionava cenas de um filme estrangeiro que nunca viu.
Foi quando olhou para sua velha casa e a casa de seus vizinhos. O que fizeram com aquele lugar que o tornava tão sem vida e calmo agora?
Lembranças de uma infância feliz lhe veio a cabeça, afinal ela sempre fora tão feliz ali.
Tirou os sapatos e lhe permitiu um pouco de ousadia, sentia o chão no qual tantas outras vezes caiu com sua velha bicicleta de um personagem de desenho animado que não lembrava o nome.
Chovia porém o céu permanecia com um sol radiante, ela lembrava de como era bom ser criança e não se preocupar com que roupa usar ou em que estado se encontrava. Lembrou que até os oito anos nunca teve uma calça jeans como as outras meninas e se comprometeu a agradecer por isso a sua mãe assim que a visse.
Ela não queria mais se proteger da chuva, agora aquele mal humor de quarta-feira não mais lhe comandava, perdera a vez para a nostalgia evidente que aquele lugar lhe proporcionava.
Fechou os olhos e tirou os sapatos, saiu correndo sem se preocupar com o que achariam daquela adulta com sapatos altos e pastas na mão que lhe entregariam a uma vida monótona de responsabilidade e cobranças.
Ela só queria sentir a chuva e o cheiro que ela proporcionava ao chão de terra no jardim da vizinhança, só.
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