17 dezembro, 2012

Enrolei-te tanto pra dizer-te tão depressa
o que tanto mais demoro ao confirmar altruisticamente
que matar meu ego e ceder o lugar que ele ocupava
gosto-te assim: muito. E tanto!
Entrego-te isto tão mais tarde pois que escrito
e tão mais esperado depois de concreto que
por fim então, amo-te assim, do jeito confuso que posso
Amo-te por fim, ao fim de cada segundo que respiro
e amo-te então, pra mim.

15 dezembro, 2012

O problema de ser gente



Qualquer relacionamento é uma via de mão dupla. Um artista só produz quadros para aqueles que os admiram. Sem público, sem show, sem canto, sem choro, sem vela. Em um namoro, em um casamento, em uma vida, deve-se sempre ser levado em conta que tratamos de gente! E gente chora, esperneia, grita, se irrita, se desmitifica, se entrega. Gente acorda de bom e mau humor, gente tem dor de dente, garganta e ouvido. Gente está sempre sujeito a problemas, a lágrimas e a mais gente. E quando se junta gente com gente, sai de baixo! Não existe fórmula secreta, palavrinha mágica ou um botão acelerar, pular capítulo. Gente que é gente vai sempre parar em alguma esquina com algum grito entalado na garganta, que o mata por dentro. Gente que é gente sabe que gritar pro nada é perda de tempo. Gente precisa de gente. Gente pra gritar, pra falar, pra se apoiar.
Ser gente é ser mão dupla também. Quando digo que gente precisa de gente pra bater, descontar e desabar, entenda que os dois lados são gente! Ser gente é mesmo ser via dupla. Tem que saber que explodir é bom, mas que aguentar explosão é necessário. Gente fala com cachorro, gato, passarinho, gambá e papelão, mas gente precisa de gente, INVARIAVELMENTE.
O problema de ser gente é que gente se relaciona. E relacionamento é ''gentichismo'' demais pra gente. Porque ser gente sem relacionamento é ser humano, e errar é humano. E olha, relacionamento não permite erro não, só aqueles bem maduros, com tempo de casa. Porque ainda está pra vir o tempo em que se saberá que errar é gente também, e como boa gente que é deve ter resposta honesta, justa. Se errar é gente e gente precisa de gente, errar será inevitável. Mas desculpar erro, aguentar explosão, dar e receber está ainda muito além de ser gente, porque gente é ser humano com relacionamento, mas relacionamento é gente que gosta de gente e está disposto a aguentar as humanidades que por ventura acontecem no caminho.
O problema de ser gente é que ser gente é complexo demais, porque gente é ainda que gente, humano! E ser humano é ter amor demais pelo raciocínio que se tem a ponto de abrir mão de ser humano pra ser gente. É complexo e egoísta, como cada característica ímpar nos faz ser. Mas ser gente é tão bonito, tão harmônico entre as oscilações que há, que sempre haverá um milímetro de gente dominando os desejos de até mesmo toda humanidade que somos. Ser gente é aprender andar em via dupla, respeitando e cedendo espaço para os que vem, e os que vão. Entendendo que, apesar de qualquer pesar, gente só é gente mesmo quando plural.

11 dezembro, 2012

Rima boba, sorriso rico

Para que não seja deixada de lado a inocência                   

Um dia encontrei o amor
pensei já tê-lo conhecido, inocente sorri
a esse tal amor, que não conhecia, me prendi
e assim muito humildemente desde então o obedeci

Um dia passei pela paixão
Já veterana em permanecer de pé com suas ventanias, a acenei
foi quando do sul veio um vento e do norte a chuva forte
muito desesperadamente segurei, não desmoronei

Outro dia vi você
veio chuva, veio sol, tempestade e até granizo
e não importou tantos treinamentos
no final perdi meus joelhos, caí no chão e não achei mais o juízo

08 dezembro, 2012

Fim de ano é tudo igual (mentira).



Fim de ano é tudo igual pra mim. Sempre acho que coisas boas acontecem no final do segundo tempo, que mal resolvidos se resolvem, que nós se desatam por destino, pelo sentimento de retrospectiva que nos toma. Quase que invariavelmente faço um post aqui. Falo do meu ano, tenha sido ele como foi. Das coisas boas, das tristezas, das recuperações de tristezas, dos sorrisos plenos e repletos de uma compreensão-sei-lá-do-quê. Talvez da vida.
Acho que esse ano esse sentimento tá meio misturado com medo. Ainda não me caiu muito bem a ficha do fim da escola, do discurso (que ainda não preparei) para um salão repleto de rostos e de pensamentos pré-críticos (espero não gaguejar), mesmo que tenha sempre gostado de pontuar tudo: "este foi o início", "este é o fim". Sempre odiei, no geral, deixar coisas entreabertas. Ou entra ou não entra, ou vai ou fica. A angústia da possível volta, do possível arrependimento, sempre me foi muito dolorida. Sempre alimentou em mim uma esperança não-sadia na qual me agarrava com unhas e dentes. Ao mesmo tempo sempre odiei fins, tenho em mim uma imensa necessidade de pontuar bem, e por isso sempre quis um GRAN FINALE. Como perfeccionista que sou, poucas vezes me dei por satisfeita. Parece às vezes que há em mim uma vontade muito grande de explodir, de externar, de gritar, fazer, acontecer. Mas algo estranhamente a inibe, quando descobrir e me livrar disso (e espero que isso aconteça um dia, não muito tarde) penso que serei muito feliz. Às vezes  penso também que é fruto de uma multimídia, de um pensamento muito rápido e abrangente que vê cada mínimo detalhe que pode dar errado, que pode não atingir o auge, o pico, o clímax. Ou fazer de modo errado. Convivo com isso há dezoito anos e nem sei seu nome ainda, pensar demais me assusta. Penso ser anormal, e não to brincando.
Tenho andado num ânimo-desânimo assustadoramente pertubador. O cansaço me toma rápido demais. Chamo isso "final de ano", por isso digo: "final de ano é tudo igual". O cansaço físico, a exaustão mental. Parece que naquele instante em que o calendário acaba, todas as forças se renovam, se firmam, os sonhos incham, os sorrisos se alargam.Talvez ''férias" resuma, mas aí seria sem magia demais. Todos nós precisamos de algo mágico para acreditarmos, para pormos uma fézinha. Bendito seja esse tal de calendário e esse sentimento (talvez artificial) que nos acompanha e se renova na mudança de cada ano.
Nessa minha exaustão mental agravada pelo calor-bafo do quase-verão, ouço uma música tocar e lembro que é pra momentos como esse que o blog existe. Fico feliz. Por mais que pessoas sejam ótimas saídas para um longo papo em uma noite de quase-verão, as palavras e a possibilidade de publicá-las, gravá-las em algum lugar que me permita uma eventual consulta, é ainda umas das melhores válvulas de escape que já tive o prazer de usufruir.
Que um bom ar condicionado me proteja de todo bafo da angústia, AMÉM.