21 fevereiro, 2012

Entre aspas

Por Camila Paier, em Calmila, calma Camila.






"Presentão caro, extravagâncias a dois, viagem internacional? Que nada. Tem atitudes tão mais simples - e que a gente tanto admira quando feitas - que essas sim, nos fazem sentir de dia ganho. Há quanto tempo não enche a sua namorada de beijos, até que a amada não aguente mais e parta para fazer o mesmo em cima de você? Ou envia assim, inesperadamente, e mesmo que seja uma palavras apenas como mensagem SMS, sinalizando um "estou aqui longe mas pensando muito em você" para que ela conserve de orelha a orelha um sorrisão pelo resto das horas? Pare e repense: é importante, e hoje em dia, nada mais pode ser considerado garantido. Quando regado diariamente, no formato de drops de carinho, paixão, ou atenção, fica fácil florescer apenas jantares contentes, beijos apaixonados e uma paz compartilhada que dá um bem danado.

É maravilhoso quando, mesmo com o passar dos meses, os beijinhos de esquimó continuam sendo dados, em plena tarde dominical, nosso cabelo tirado do rosto - enquanto conversamos - e sejamos sempre colocadas do lado de dentro da calçada, ou puxadas pelo braço em forma de alerta quando atravessarmos a rua sem olhar direito. Todos apreciamos um mimo, e claro, ver que existe um cuidado em se preservar o que somos de bom na vida do outro é mesmo gratificante. Pode ser um beijo na testa, uma cartinha apaixonada com aquela letra máscula e única que só os homens tem (vale um bilhetinho também, qualquer regalo que futuramente possa se tornar peça chave de boas lembranças), uma ligação inesperada apenas para ouvir a voz, porque a saudade apertou de repente. Preocupação e uma doçura em especial quando passamos mal ou ficamos doentes, massagem nas costas depois de um dia cansativo, cafuné nos cabelos até que a gente quase adormeça. Inventar um apelido singular e nada clichê, e usar e abusar de assim nos chamar. Cozinhar de vez em quando, servir nosso prato - e copo, nos puxar mais pra perto e querer estar juntinho ao assistir a um filme ou algo na televisão.

Fazer de nossas mãos um ato de delicadeza: beijem com exagero, segurem publicamente sem hesitar, repousem sobre a sua, quando dirigindo. Achar que a nossa beleza ultrapassa os limites do bom senso, é opinião obrigatória do resto do mundo (e nos falar isso, quando os ataques de baixa auto-estima nos pegam desprevenidas). Mulher é mesmo assim, rapazes: é agir cheios de amor pra dar - apenas para uma de nós, claro - é querer que a cada dia a receita de estar juntos apenas se aprimore, o gosto de ter alguém do lado faça sentido e a gente se entrega fácil. Nem sempre de bandeija, mas de braços (e corpo, e mente e coração) abertos, a cabecinha já aquitetando surpresas para que sejamos únicas enquanto durarmos - e que seja pra sempre, ou intenso enquanto houver vínculo, claro - e a reciprocidade exista. Carinho somado à mimo e ternura só podia resultar num fim distante ao amor que a gente sente, é lógico. Só faz aumentar."


 Calmila, calma Camila.