25 março, 2012


Se soa familiar? Que nada, bobagem!

15 março, 2012

E o mundo às costas


O bolo ta assando, o celular descarregou, se passar de amanhã você perde aquela promoção. A doutora ligou, disse que tinha janela no horário da sua yôga. Anteciparam a entrega daquela tua pesquisa que tava na pasta que perdeu e ainda não sabe. As pálpebras reivindicam descanso, o cabelo tá precisando cortar e o bolo queimou.
Fulaninha não te mandou aquele e-mail que devia, você fez sozinha, e não deu tempo de pestanejar, bater o pé, nem gritar umas grosserias. O celular parou de funcionar, e a operadora só sabe pedir "aguarde um momento". O tempo virou, o casaco ficou pendurado atrás da porta desde aquele dia em que caiu mostarda nele, tá manchado, não sai mais. O jornal na tevê, sabe-se lá por que diabos  ligada, diz que o dólar caiu,  Kadafi caiu, o World Trade Center caiu. Desliga a tevê, troca por rádio, e agora o vasco também caiu, diz a voz masculina do final da tarde, enquanto todos voltam, esgotados zumbis, pra sabe-se lá onde, talvez pra seus lares. 
Entre burburinhos e pôr do sol em céu poluído visto pela janela, uma música estrangeira acalma, "está tudo bem, hoje já foi" ela devia dizer, independente da língua. Esfrega os olhos, puxa da tomada o computador. Enquanto isso a quatro quarteirões dali uma gota de orvalho cai do alto de uma árvore anciã. E você cai no inconsciente. E o mundo, o mundo descansa (te cansa) às suas costas.
O dia nasceu ensolarado, e tá quente demais; choveu forte à tarde, choveu demais. O trabalho sumiu, o computador deu pau, caiu café no seu pé, a bateria do celular caiu, o bolo grudou na fôrma, o gás acabou, a luz venceu, o chuveiro não tá esquentando, o asfalto quente recebe água da chuva e o calor sobe, o ônibus cheio não se move até que entre o último passageiro. A passagem subiu, o despertador não tocou, o galo não cantou, você não acordou, você não gritou, não chorou, não sorriu, não dançou a valsa vienense, não perguntou por José, você nem ao menos morreu.
Contidamente, continuamos. E o mundo às nossas costas.

13 março, 2012

Mais uma vez "talvez"

Talvez eu devesse ir ler, talvez estudar, talvez dobrar as roupas ou as entulhar na gaveta. Talvez eu devesse ir visitar minha vó, ou comprar chocolate. Fazer as unhas, cortar o cabelo, fazer as sobrancelhas ou dormir.
Talvez eu devesse me afastar de tudo o que complico, de tudo do que fujo e cada vez mais me aproximo. Talvez devesse fugir pra muito longe, ou correr pra bem perto e encarar. Talvez qualquer atitude, até antagônica ao certo seria uma atitude mais plausível do que ficar aqui parada, como no final de cada jornada fracassada eu sempre fico, esperando algo se resolver. Porque nada se resolve sozinho, até quando eu sento a bunda na cadeira e espero o tempo ajeitar tudo, e o vento soprar e organizar naturalmente as coisas, é uma escolha que faço. A escolha de se acovardar e fingir que não é comigo, que é só como a corrente vai levando as coisas. Como se não escolher já não fosse a escolha de abrir mão de fazer do seu jeito, sabendo-se lá (ou não) como seria algo do seu jeito.
Sério que deixando passar, ou lutando, ou escolhendo, ou analisando.. Sério que tanto faz, eu vou sempre acabar patética, com uma tempestade dentro de mim, com borboletas que no estômago apodrecem rapidamente e me fazem mal?
Sei lá do que eu to falando, mas é que não precisa ter sentido ou razão ou seja lá o que você esteja procurando neste texto, talvez coerência, mas isso sempre me falta. Talvez não seja nada, seja só o vento soprando, e organizando naturalmente os grãos de poeira, areia, esperança, quiçá pensamentos.

05 março, 2012

Sou metal, raio, relâmpago e trovão

*Tive um sonho diferente dos que usualmente chamo de diferente. Sonhava que pediam pra me classificar  numa música da minha banda favorita. Eu pensava, pensava e qualquer faixa por mais linda que se chamasse era pequena demais, seria algo muito fechado, aí então lembrava desta e falava, é isso, essa é a frase! Isto que sou, porque isso quer dizer não apenas o que se escreve, mas o que a música remete. Eu sei, tolice, mas é que eu nunca tinha parado para ouvir esta música, não conhecia a letra e isso fez de tudo algo muito mais diferente e intrigante. "Sou metal contra as nuvens" eu enfim respondi no sonho e acordei.
I
Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.
II
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão...
III
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
IV
- Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.