27 setembro, 2010

sentimento cor-de-rosa

Acho que já vi essa cena antes.
Na verdade acho que já vi essa cena milhares de vezes.

Começando pela implicância e por morder os lábios e dar um sorriso daqueles. Um sorriso daqueles bem idiotas, daqueles que você não consegue tirar do rosto. Você morde os lábios pela milésima vez e ri alto, sabe que está fazendo papel de idiota, mas não está nem aí.
You're falling in love, girl!
É sempre assim que acontece, e mesmo que saiba que não é a atitude mais inteligente á se tomar você não se importa.
Acho que se apaixonar é a melhor parte de tudo que possa vir depois. Se lembrar de você correndo para casa para poder encontrá-lo na internet, fazer algo mínimo mas que tenha influência daquilo que ele disse na semana passada.
Rir e sempre lembrar da pessoa.
Por mais que não dê em nada, por mais que seja a coisa mais ingênua do mundo, é a melhor coisa também.
É meio parecido como olhar um dia de sol com fones de ouvido tocando um country que lhe acalme, é como ver filme de romance e chorar.
É a coisa mais tola e mais idiota do mundo e é a coisa que mais pode machucar também, mas não importa se for o que seu coração grita ferozmente quando você o vê.
Pensar nele toda hora, sair do seu confortável lugar para procurá-lo no recreio.

Acho que talvez 'amor' seja forte demais, talvez a palavra não caiba bem aí . Acho que esse sentimento não é vermelho, talvez seja rosa claro. É, rosa claro.
É o frio na barriga, o sorriso que não sai da cara e a alegria de estar com ele por mais que não falem nada, é esse o sentimento cor-de-rosa que a Sandy cantava em minha infância incessantemente: EU ACHO QUE PIREI MEUS PÉS SAÍRAM DO CHÃO!

É abstrato e convidativo, e até mesmo misterioso.
E você que sempre se atraiu por esses tipos vai atrás!

Boa viagem, garota!

Auto-suficiência, ou quase isso


Mais uma tarde de sábado na qual se encontrava atrás de um balcão com artigos esportivos cujos nomes decorou por abrigação, mas nunca entendera sua utilidade.
O avental furado de um bege sem vida tapava sua camisa de cor crua que talvez abrigasse o nome de uma banda qualquer, que outras pessoas de sua idade não conheceriam. O cenário e suas vestes transmitiam perfeitamente a mensagem que quem olhasse para seu rosto receberia.
Unhas roídas, cabelos desgrenhados presos em um rabo de cavalo mal feito e  um casaco de moleton, que mais parecia um pijama, amarrados em um cintura de criança.
Algumas ideias em mente, outras tantas em papéis e todas implatadas pela música extremamente alta que berrava de seus fones.
O relógio marcou 4 horas e se não tivesse a observado antes e notado sua total falta de humor, diria que a vi sorrindo. Algumas passadas até a porta acompanhadas por um tropeção na diferença de níveis do chão e alguns minutos gastos enquanto procurava a chave que lhe serveria. Apagou as luzes e pôs o gorro sobre a cabeça, se preparando assim para a caminhada sob a fina neblina que a levaria á sua cama que a esperava ainda desfeita pelo mal humor matinal de quem trabalha aos sábados para sustentar uma vida idependente, ou quase isso.

23 setembro, 2010

a Letícia Falcão


Então tá, você grita um palavrão quando bem entender, ri descontroladamente e manipula seu redor para que aja de acordo com seu humor. Ok, é você que toma conta da sua vida e que arca com as consequências que virá a ter, mas não me faça assistir a isso tudo com um sorriso no rosto, ou sei lá, não sei como seu humor estará amanhã.
O que me incomoda é que você se contradiz; você se contradiz cada vez mais, um dia após o outro. Na terça, preferindo o silêncio e a literatura que te esquenta e na quarta grita idiotices que poderiam me fazer vomitar. Um dia ri de tudo e no outro chora por tudo. Constrói conceitos e os fazem existir mesmo que no dia seguinte os destrua.
Talvez seja verdade: você me enoja!
Então me viro pro outro lado e evito te olhar, não reclamo; nunca disse que teria que mudar. Mas agora não me venha ser hipócrita e gritar que eu não posso xingar um palavrão quando eu bem entender, até mesmo porque eu posso!

Mas então você me chega na terça e se mostra calma. Me sento ao seu lado sob a luz de um sol matinal que luta contra as nuvens densas e então te ouço. Respondo quando necessário ou não respondo quando não sei o que dizer,  mas eu ouço cada palavra.
Acaba o dia e me sinto feliz por hoje ter sido assim, mas também penso em amanhã e me lembro que não é terça nem quarta, é só mais um dia daqueles nos quais espero sua ação e, diretamente dependente de tal, controlo minha reação.

Talvez seja mesmo uma caixa de pandora e toda essa minha revolta passe ao fim dos textos que escrevo, mas é que você me irrita!


Até a sexta ;*




à propósito: any nonsense, blog da Letícia.

a rain wednesday

Fim de tarde, e a chuva a pegava de surpresa.
Para atravessar agosto precisava de fé, e para dezembro de um guarda-chuva.
Atravessava a velha rua onde fora criada, mas ao seu redor a dimensão de tudo havia mudado. Talvez tivesse mesmo crescido consideravelmente desde o último ano que estivera ali.
A rua conhecida lhe possibitava entrar em devaneios enquanto caminhava até seu destino.
Em sua cabeça rolava um calmo som country que lhe tranquilizava e lhe proporcionava cenas de um filme estrangeiro que nunca viu.
Foi quando olhou para sua velha casa e a casa de seus vizinhos. O que fizeram com aquele lugar que o tornava tão sem vida e calmo agora?
Lembranças de uma infância feliz lhe veio a cabeça, afinal ela sempre fora tão feliz ali.
Tirou os sapatos e lhe permitiu um pouco de ousadia, sentia o chão no qual tantas outras vezes caiu com sua velha bicicleta de um personagem de desenho animado que não lembrava o nome.
Chovia porém o céu permanecia com um sol radiante, ela lembrava de como era bom ser criança e não se preocupar com que roupa usar ou em que estado se encontrava. Lembrou que até os oito anos nunca teve uma calça jeans como as outras meninas e se comprometeu a agradecer por isso a sua mãe assim que a visse.
Ela não queria mais se proteger da chuva, agora aquele mal humor de quarta-feira não mais lhe comandava, perdera a vez para a nostalgia evidente que aquele lugar lhe proporcionava.
Fechou os olhos e tirou os sapatos, saiu correndo sem se preocupar com o que achariam daquela adulta com sapatos altos e pastas na mão que lhe entregariam a uma vida monótona de responsabilidade e cobranças.

Ela só queria sentir a chuva e o cheiro que ela proporcionava ao chão de terra no jardim da vizinhança, só.

09 setembro, 2010

Adultecer



Eu não deixei de brincar na rua porque não queria mais, mas sim porque chegava cansada da escola. Corria muito lá e o pique na hora da saída sempre me deixava sem fôlego.
Não deixei de brincar de pique na hora da saída para correr para casa, jogar a mochila em um canto qualquer e brincar na rua, o que aconteceu foi que a mochila se encheu de livros e como num passe de mágica minha cabeça se encheu de novas informações construídoras de conceitos e outras muitas á conceituar.
Não deixei de rir das piadas, só aprendi a filtrar mais minha atenção e prioridade.
Não deixei de contar piadas, as guardei para uma hora mais propícia.

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É, talvez eu tenha mesmo mudado nesses ultimos anos. O pior é que eu não vi!
Não percebi o tempo correndo e meus brinquedos serem doados para novas gerações.
Talvez eu devesse ter aproveitado mais o tempo que não vi que tive.
Mas o que acontece é que eu não perdi, eu não deixei esse tempo escapar pelos meus dedos, até porque eu o aproveitei o máximo que pude.
Tudo o que aconteceu foi inevitável. Cresci, esvaziei as prateleiras que antes suportavam ursos de pelúcia e os substitui por livros.
Não me julgue culpada, pois não sou.
Eu adulteci, e um dia vocês também adultecerão.
É do verbo 'adultecer' que vem todas essas coisas, do sinônimo de INEVITÁVEL!