31 janeiro, 2012

O amor usa para-quedas?

Com Ícaro Naumte

- Mas difícil é continuar com a loucura, e não dar início à ela. Não é?

- Verdade. Mas é como saltar de para-quedas, você precisa de um surto de loucura pra pular do avião. Depois a gravidade faz o resto.

- Só a gravidade? Não será preciso puxar a cordinha nunca? Saber aterrizar, etc e tal?

- Depois do pulo, guria, se espera que você já saiba tudo isso. Porque no ar não dá pra se preparar mais não,
a gente faz o que aprendeu, e fé pra que a lona abra.

28 janeiro, 2012

Hoje eu acordei com vontade de você.
Acordei com vontade de abraço de bom dia, ou de madeixa posta atrás da orelha.
Uma vontade meio olhar calado, sorriso estampado, mordida nos lábios.

Ontem dormi com vontade de você.
Meio temente de não ter de novo, meio dormindo de costas querendo abraço.
Meio cabelo molhado desleixado sem ligar pra resfriado.

Hoje passei o dia querendo que me fizesse escrever.
Que a madeixa fosse posta outra vez atrás da orelha.
Que o olhar pudesse ser novamente sustentado.

E que eu pudesse gravar!
Gravar porque não sei mais quantos ciclos podem vir a demorar pra isso acontecer de novo.
Gravar, porque pra mim em qualquer momento você pode escapar.
Gravar só pra usar de desculpa, gravar porque na verdade eu não suportaria outra daquelas porradas.

16 janeiro, 2012

O monstro do lago Ness


Cheguei em casa decidida, escreverei sobre isso!
No caminho, o xixi me fez correr pro banheiro, o chocolate me tomou uns minutos, mas já pus numa rádio clássica e agora ninguém me cala. Na verdade, minha aventura de hoje começou antes dessa vontade louca que sempre sinto de fazer xixi ao abrir a porta de casa (sério, pergunta à minha mãe, é instantânea a vontade!), a minha história de hoje veio by bus, como eu sempre venho, e como algumas outras histórias já vieram!
Hoje não tentei ler o livro de um desconhecido e ele puxou papo e me conquistou como já fez o Sr Patrick uma vez, mas a de hoje também inclui minha falta de educação (ou devo dizer muito interesse?). Quero dizer, estava eu no ônibus a pensar sobre coisas idiotas, como é de minha natureza pensar, e então ouço a conversa de uma menina ao telefone que me prendeu à audição de tal blasfêmia:
-UERJ! Po, UERJ é boazona né, mas cara, ela não passou de primeira e se matou de estudar esse ano também! (...) Mas é história! Acho perda de tempo, quero dizer, FARMÁCIA TUDO BEM, você tem uma área vasta de atuação, mas história você não tem isso!
GENTE, fiquei boquiaberta, queria sentar do lado desse Monstro do lago Ness na hora, mas esperei o telefonema acabar.
-Mimimi, mas é né, também tem isso, todo sociólogo é louco.
Papo vai, papo vem, ela falou de bio molecular e de como ela era boa em química, uma moça sentou do lado dela, o telefonema finalmente acabou, fiquei em dúvida entre cutucar a Nessie e falar mesmo de onde me encontrava, ou de esperar. Pensei, mordi a boca, entrelacei os dedos "se for pra ser, essa moça do lado dela sai". Não deu outra! A moça saiu, e eu fui cheia da cara e a coragem, ou covardia incitada por adrenalina, chamem como quiser!
-Oi, não quero sendo ser mal educada, mas já fui ao ouvir sua conversa. Eu queria te dizer que fazer história não é perda de tempo e que não existe isso de todo sociólogo ser louco! - O Monstro do lago Ness me encarava, e eu citei meu professor de história em uma de suas melhores citações - E como diria Geraldo Vandré, a história na mão e a certeza na frente.
Nessie me encarou por um momento que pareceu uma eternidade, me veio com uma de que se não tiver ambição não era tão mal, mas que pra quem tinha ambição aquilo era pouco. Eu falei que havia ambição sim, e que ambição não se remete ao que ela deveria estar pensado. Ela falou sobre sala de aulas, eu disse que essa era a maior ambição que poderia haver! "Imagine, você que ambição maior poderia existir se não a de entrar numa sala de aula, compartilhar conhecimento e alimentar, criar, incentivar ideias?" O que ela disse não sei de cor, doía meus ouvidos ouvir aquilo, sei que no final o Monstro falou de remuneração, disse que ninguém vive de sala de aula. A última fala que me propus a proferir àquele monstro horrendo foi "NINGUÉM VIVE SÓ DE DINHEIRO TAMBÉM"! Ela pediu licença, se levantou e aí foi quando descobri o quão corajosa eu havia sido, eu estava do lado da Ignorância, meus amigos. Poderia eu não me sentir meio metro mais alta naquela circunstância?
Puxei a bolsa, dei licença, pedi desculpas da boca pra fora, ao meu colo encontrei meu livro de história já esquecido e meu dicionário português-inglês, não havia dúvidas de que eu fizera a coisa certa. Achei engraçado o livro ali, na hora, achei propício, havia me esquecido do peso de conhecimento que carregava no colo.
Quero dizer, quer fazer farmácia vamos lá! Te desejo tudo de melhor, mas não me venha dizer que chegou aí sozinho, que aprendeu tudo por que quis, porque ainda que sozinha estudasse, precisaria que alguém tivesse escrito aquilo! Ainda que sabichona se julgasse esqueceria que na sua tão querida graduação precisaria de professores!
Se você quer viver pro dinheiro, não minto, te julgo! Mas se você quiser viver por uma ideia, vamos nessa!
Eu ri depois que ela saiu, é claro que ri, eu fui tão corajosa! Tão cheia de mim eu não pensava em outra coisa, "tenho que por no blog".

11 janeiro, 2012

Partes do meu eu

Parte de mim é gritante
parte de mim ouvinte
Parte de mim ocupa espaço
a outra se esconde
Parte de mim não se importa
a outra sai correndo

Sou tantas!
Não tantas eu
tantas partes de mim
que isso assusta

Vez em quando se encontro eu mesma na esquina
me pergunto se é isso mesmo, se tá certo
Mas parte de mim é certa
e a outra perfeitamente eu mesma.

09 janeiro, 2012

Eu queria falar QUE, eu queria falar SOBRE


Eu queria falar, EU SEMPRE QUERO, que queria ter falado o quão 2011 foi um ano incrível e cheio de altos e baixos, queria falar o quanto me transformei esse ano, o quanto eu aprendi! Gente, e como aprendi! E vão se acostumando com as exclamações, devo usar bastante!
Então, to tendo problemas com a memória, hora mais propícia não haveria, não é mesmo? Eu só me lembro de almoçar de segunda à sexta em uns mesmo seis (ok, cinco) restaurantes self-service com as amigas, ter o prato maior, ser a última a terminar a refeição e ainda querer sobremesa. NOSSA, COMO EU ADORO PUDIM!
Me lembro de uma australiana que entrou no meio do ano pra mudar vidas! Me lembro da minha implicância com meu professor de filosofia, da minha expectativa com as aulas de sociologia e história. Me lembro principalmente de minha pessoa, andando de meias brancas pelos corredores da biblioteca municipal, encantada com livros e querendo ler todos eles! E é disso que eu quero falar, por mais que vocês não queiram ouvir, eu vou falar e falar e ser redundante, ou posso mudar de caminho à qualquer curva.
Eu quero falar do que eu aprendi esse ano, seja isso didático ou moral, ou envolvendo ambos.
Eu quero falar que li mais livros do que já havia lido antes, quero dizer que me perdi em Hogwarts um turbilhão de vezes, quero dizer que me tranquei nO Mundo de Sofia por um tempo, quero dizer que conheci pessoas singulares, dizer que descobri falhas onde nem eu mesmo esperava e me decepcionei com pessoas que eu nunca cogitaria. Descobri que a internet abre um leque de informações maior do que você pode imaginar, me irritei com minha falta de tempo e voltei a dormir tarde. Chegar da escola exausta e despencar na cama. No amor, o que move isso aqui em suma, eu me aquietei, mas descobri que tipos errados e opostos me atraem. Ouvi Beatles mais do que nunca, conheci Pink Floyd. Me apaixonei pelo mundo, e por música. Fiz planos,desfiz, perdi o ônibus mais de 70% do ano, tive minha primeira experiência com o vestibular.
Fui legal com quem me deixou a ver navios uma vez, disse que o Sistema não funcionava, citei Kant. Me assumi agnóstica, li metade de Zaratustra.
Aprendi a achar as coisas bonitas, como margaridas, palavras e gestos. Chorei ao contemplar o quanto essa simples palavra "bonito (a)" diz muito sobre algo quando sozinha, ao pairar sob a consciência. Chorei depois por me ver achando as coisas bonitas. Descobri que realmente tenho problemas em demonstrar afeto de forma mais normal possível. Talvez de comunicação também, rs.
Fui num show de uma das minhas bandas favoritas (poucas são estas vivas), chorei quando o Dinho citou o Aborto Elétrico e cantou Fátima, Renato Russo é o meu #1, não tem quem tira. Passei, VIREI, noites e mais noites falando sempre das mesmas coisas com uma amiga (das poucas que sobraram, essa é retardada pra valer). Se algumas cenas desse ano me marcaram uma delas inclui quando me mostram certos versos de uma música e pediram pra eu ouvir com atenção, me disseram ainda no mesmo contexto que eu tinha amigas, e não precisava guardar tudo pra mim, e me fazer de forte sempre. Achei    b o n i t o  !
E se esse ano foi marcado, com toda certeza foi com muitos anexos à minha essência. Um dia, após voltar a ter aulas com uma professora de língua portuguesa muito querida e fazer meu primeiro teste depois de um ano estudando com outra educadora, ela escreveu algo assim no cabeçalho da minha prova: Bom ver que continua a mesma de sempre, só que agora com mais bagagem!
Preciso dizer que pirei com tamanho elogio e que guardei aquilo pra sempre em mim? É assim que eu vejo esse ano que passou, um ano no qual eu ganhei muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu(...)uuuita bagagem, e que nesse ano agora que se inicia eu consiga muito mais ainda! A única coisa que não nos podem roubar é o conhecimento, e ele vale muito! Só pra marcar novamente, uma dessas pessoas singulares que encontrei pelo caminho com O Mundo de Sofia em mãos, pronto pra me dar o melhor presente EVER, é a pessoa que mais me ensinou esse ano todo, se aprendi algo foi por ir constantemente atrás dele perguntar sobre coisas absurdas até e tirar minhas dúvidas! E um dia eu chorei com algo que ele disse, não gravei, não quero citar, mas era algo bonito, sobre alguém te conhecer inteiramente, assunto arduamente discutido com ele por meio de análises feitas por mim (sobre ele)!  O que quero dizer e estou dando tantas curvas, é que ele disse esse dia que estava fazendo algo que gostava, ensinar/discutir o assunto, e que estava me dando um presente (OH MEU DEUS, EU TO QUASE CHORANDO DE NOVO, MINHAS NARINAS INFLARAM) que era o conhecimento, e o conhecimento pra mim é um tipo de santuário, é o que me move, é o que faz dessa Carol algo no universo! E não sei, achei  bonito... Só isso, achei tão bonito alguém falar TOMA AQUI MEU CONHECIMENTO, EU GOSTO DE REPARTIR, É O QUE EU TENHO DE MELHOR!
Poderia continuar o post dizendo 1001 coisas, mas não dá, você consegue sentir o quão bonito isso é?
Eu não poderia imaginar um 2011 melhor!