17 abril, 2011

Entre Aspas: A moreninha

A moreninha, livro de Joaquim Manuel de Macedo publicado em 1844, é um clássico do romantismo. Eu assumo que sou péssima leitora e que esse foi o primeiro e recente clássico que li, mas assumo também que me amarrei no personagem de Augusto, um inconstante rapaz que diz não poder amar umar um mesmo objeto por mais de três dias, porém Carolina (ótimo nome para uma miúda, sapeca e inteligente personagem) com todo seu atrevimento o corrompe em sua inconstância.
A história me saltou aos olhos de imediato e recomendo a todos lerem o livro que, para a época e a ideia pré concebida de clássico que temos, é super facil de ser lido.
Aqui citarei um fragmento de uma conversa dos amigos de Augusto e o próprio, comentando a inconstância
amorosa do rapaz incorrigível.

"(...)
- E de qual gostarás mais, da pálida, da loura ou da moreninha?...
- Creio que gostarei, principalmente, de todas.
- Ei-lo aí com sua mania.
- Augusto é incorrigível.
- Não, é romântico.
- Nem uma coisa nem outra... é um grandíssimo velhaco.
- Não diz o que sente.
- Não sente o que diz.
- Faz mais do que isso, pois diz o que o que não sente.
-O que quiserem... serei incorrigível, romântico ou velhaco, não digo o que sinto, não sinto o que digo, ou mesmo digo o que não sinto; sou,enfim, mau e perigoso e vocês inocentes e anjinhos. Todavia, eu a ninguém escondo os sentimentos que ainda pouco mostrei, e em toda parte confesso que sou volúvel, inconstante e incapaz de amar três dias um mesmo objeto; verdade seja que nada há mais fácil do que me ouvirem "eu vos amo", mas também a nenhuma pedi ainda que me desse fé, pelo contrário, digo a todas o como sou e,se, apesar de tal, sua vaidade é tanta que se suponham inesquecíveis a culpa,certo, que não é minha. Eis o que faço. E vós, meus caros amigos, que blasonais de firmeza de rochedo, vós que jurais amor eterno cem vezes por ano a cem diversas belezas...Vós sois tanto ou ainda mais inconstantes que eu!... mas entre nós há sempre uma grande diferença: -vós enganais e eu desengano, eu digo a verdade e vós, meus senhores, mentis... [...] A alma que Deus me deu, continuou Algusto, é sensível demais para reter por muito tempo uma mesma impressão. Sou inconstante, mas sou feliz na minha inconstância, porque apaixonando-me tantas vezes, não chego nunca a amar uma vez..."


* Para quem curte ler livros pelo computador, podemos encontrar a obra aqui

Um comentário:

Eliza (Biii) disse...

puxa, parece que foi em outra vida que li esse livro... Mas já que vc gostou, já foi à ilha de Paquetá? É onde se passa a história. Tem lá a praia da moreninha e tudo.