-Você também.
-Na verdade você nunca foi como se mostrava.
-É eu sei, mas posso dizer o mesmo de você.
-Eu sempre fui a mesma, em qualquer lugar. Você não. Você sempre foi dois, três ou mais.
-Seus enigmas são os culpados.
-Culpados?
-É.
-Meu enigma?
-Enigmas.
-Qual a acusação?
-Não me deixar ir.
-Pra onde?
-Pra longe.
-Você não precisa ir.
-Está propondo algo?
-Não, to pedindo para que não saia daqui.
-Mas eu preciso.
-Mas não quer.
-Pensei que você pensasse que fosse o certo também.
-Eu nunca soube o que pensar em relação a você.
-E esse sempre foi o problema.
-Pensei que fossem os enigmas.
-Você me agrada, seus enigmas me prendem.
-Não tenho conhecimento sobre tais enigmas.
-E o que eu tenho é pouco.
-Fale-me deles.
-É isso que te prende?
-E faz mal também.
-Mas te deixa perto de mim.
-Me prende.
-Desculpa, mas não posso parar.
-Involuntário?
-Não. Eu só não consigo ficar longe de você por muito tempo.
-Mas quando perto demais diz que é dificil.
-É complicado.
-Sempre é.
-Queria poder te explicar.
-Não conseguiria, você é do tipo que sofre calado.
-E você do tipo que me faz falar.
-Quase nunca consigo.
-Você que pensa...
"Estas alegrias violentas têm fins violentos,
E falecem no triunfo, como fogo e pólvora,
que num beijo se consomem."
[Romeu e Julieta, ato II, cena VI]
2 comentários:
há tempos vc n escrevia algo tão bom.
não se sinta demasiado elogiada, mas me lembrou Diálogo, de Caio F.
continue sempre.
Gostei muito Shueps, bem original. Detesto escrever diálogos...e olha que eu escrevo um livro heim?
Huhiahuiahuiahuahuia parabéns.
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