06 fevereiro, 2013

Sobre músicas fofas na madrugada



Há algum tempo atrás, depois de assistir um bom filme teenager americano ou então ouvir uma bela música fofinha eu podia ficar por horas parada, imaginando um amor impossível, um amor platônico, um futuro recheado das mais diversas cenas dignas de filme americano, de comédia romântica pra ser mais exata.
O tempo passou, deixei de assistir boa parte desses filmes, fui vivendo a parte da "desilusão amorosa" do roteiro. Desacreditando, preferindo procurar e acreditar numa realidade mais fria, mais racional, menos sonhadora, detalhista, sorridente e apaixonante. Convenci eu mesma a deixar de lado os sonhos utópicos, as vezes em que rolava na cama antes de dormir imaginando mil e uma situações. Acabei por ganhar de mim mesma na batalha, o lado um-pouco-mais-realista ia tomando espaço, plantando e enraizando suas ideias.
Hoje essas músicas, esses filmes continuam ainda a mexer comigo. Hoje no final feliz de cada um desses filmes, quando toca uma música feliz e animada para nos convencer de que o filme foi ótimo e adoramos, eu sinto um aperto enorme. Talvez eu pudesse dizer que é saudade, mas não é. Ou não, é só saudade. Hoje no fim de cada filme ou no percurso melódico de cada uma dessas musiquinhas apaixonantes, sinto dentro de mim a agonia de não conseguir externar o suficientemente o que sinto, não conseguir (nem mesmo gritando) dizer alto o bastante o que sinto. Entender, nomear, rotular, explicar, exemplificar, justificar.
Hoje, em cada momento desses que para  mim já significaram tantos outros sentimentos mais, sinto a agonia de amar. Sim, porque amar é agonia pura. É aquela coisa chata (porém amável) que se instala em você e não te permite etiquetar ou externar. Hoje, a cada musiquinha fofa que ouço tocar na rádio eu penso em você, e como não sei nada de nada. Mas que também não quero saber, por mais que eu queira, e quero, e quero muito! Eu fico aqui pensando, agoniada, suspirando, variando entre os pensamentos. Que bicho me mordeu? Poderia jurar ter sido um zoológico inteiro! Mas não há bicho, não há razão, não há nem palavra que complete ou nomeie. Poema, texto, imagem, frase ou gesto. E isso só cresce, e cresce. E eu? Eu só agonizo, agonizo, e me torno casa desse monstruoso amor. Mas amor também não é a palavra, não é o bicho.
Às vezes, e isso acontece com alguma frequência, nem o verbo amar me parece suficiente, nem se gritado. Parece tudo tão grande, alegórico e conhecido. Mas mais uma vez, não é. Se algo aqui é, se algo aqui existe, é essa agonia do "eu te amo" não expressar o suficiente.
Continuo na busca, quero achar algo que diga tudo. Que se encaixe, mas sem fronteira, pro bicho crescer em paz, até me explodir se preciso. Mas continuo na busca, quero achar essa palavra, gesto ou esse ovni que vá representar meu amor, meu bicho, minha agonia.
Eu te amo, e mesmo isso não sendo o suficiente para dizer tudo o que quero, é, por ora, o melhor que eu tenho pra te dizer agora.

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