Essa minha imensa mania de ser eu me cansa. Tão mais fácil ser outro. Outras preocupações, outras pessoas, outras vidas, afazeres. Se ocupada, atolada. Se vazia, entediada. Um escritor, cujo nome não me lembro, muito menos a citação exata, disse isso. É preciso ter o amargo para valorizar o doce, e vice-e-versa. É essa nossa eterna mania de pôr a felicidade inalcançavelmente longe do toque. Tem outro poeta que disse isso, Vicente de Carvalho:
"Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim : mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos."
Sei lá onde estou onde pus a danada, tô procurando, vou achar! Porque creio que felicidade mora em cristaizinhos pequeninos, cada coisa, cada gesto, cada pessoa nos traz um pouco de felicidade e estar feliz é conseguir o arranjo sincronizado e harmônico do todo, montar esse tal monumento da felicidade geral com estes cristaizinhos. Satisfação.
Um comentário:
sim em cristaizinhos pequeninos,por isso é tão difícil achar..
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