03 junho, 2011

Anseio por calor


O que fazer com o vazio? Vazio que corrompe e dilata.
Como lidar com a falta de tudo? Falta de calor, de barulho, de toque e contato.
Não pense que sou demasiado carente! Posso me virar por muito tempo sozinha e quieta, pensando só pra mim e mordendo a língua quando questionar proferir algo não  muito educado. Sei me controlar e talvez até me alimentar sozinha. Posso sobreviver, só não posso viver sozinha.
Você me compreende, não compreende?
Eu só preciso, vez em quando, de cafuné e colo. Talvez se puder sussurrar algo no meu ouvido e arrepiar toda minha espinha dorsal eu seria grata. Olhar nos meus olhos e sorrir, sorrir também com os olhos! Me fazer cosquinha e implorar por um beijo. Sair correndo com minha bolsa e fazer de mim demasiado inocente outra vez.
Se você pudesse me abraçar e passar todo o seu calor pra mim, respirar no meu pescoço e não me soltar por nada. Liberar essa corrente elétrica que percorre meu corpo a cada vez que me encosta, sentir o choque de minhas mãos trêmulas. Andar do meu lado, olhar pra mim e me ver... deixar eu te ver.
Você entende essa troca de calor que anseio? Digo, o toque, a respiração próxima, seus dedos entrelaçados no meu e nossos corpos próximos se desejando como ímãs.
Meu corpo, olhar e coração andaram vazios por tempo demais e o calor se transfigurou em vazio. O vazio da angústia e da espera ansiosa por algo novo que nunca chegaria a ser. Você pode entender meu desespero descontrolado em uma tentativa frustrante de não-histeria?  Pode sentir o latente alerta procurando por calor? Eu estive sozinha, vazia e sobrevivi por muito tempo, agora quero algo além do calor de subsistência. No final só quero mesmo te perguntar se você poderia me esquentar neste inverno rigoroso que tem feito dentro de mim e que extinguiu todo o meu amor e calor. Você pode?

2 comentários:

Eliza (Biii) disse...

Mocinha, só uma pequena chatice, o correto é, mesmo sendo no feminino, usar "demasiado carente" e "demasiado inocente". Advérbio de intensidade, se não me engano (n lembro) mas se vc substituir a expressão por "um pouco carente" ou "um tanto inocente", dá pra perceber que não há concordância de gênero nesse caso. Bom texto e desculpe a minúcia da leitura.

bjo

Anônimo disse...

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