25 janeiro, 2011

Diálogo

-Você mudou.
-Você também.
-Na verdade você nunca foi como se mostrava.
-É eu sei, mas posso dizer o mesmo de você.
-Eu sempre fui a mesma, em qualquer lugar. Você não. Você sempre foi dois, três ou mais.

-Seus enigmas são os culpados.
-Culpados?
-É.
-Meu enigma?
-Enigmas.
-Qual a acusação?
-Não me deixar ir.
-Pra onde?
-Pra longe.
-Você não precisa ir.
-Está propondo algo?
-Não, to pedindo para que não saia daqui.
-Mas eu preciso.
-Mas não quer.
-Pensei que você pensasse que fosse o certo também.
-Eu nunca soube o que pensar em relação a você.
-E esse sempre foi o problema.
-Pensei que fossem os enigmas.
-Você me agrada, seus enigmas me prendem.
-Não tenho conhecimento sobre tais enigmas.
-E o que eu tenho é pouco.
-Fale-me deles.
- Eu não consigo te prever ou entender. Você nunca age por impulso. Não faz sentido nem visto de ângulos diferentes. Não é transparente, mas também não é a escuridão total. Você não fala nunca, e nem explode. Se controla facilmente e sempre engole os meus gritos. Seus olhos transmitem raiva e receio, e suas palavras gentilezas e compreensão. O que fala não é coerente ao que faz. Me pergunto se alguém te conhece. Porque eu tentei, mas você foge das minhas análises amadoras.

-É isso que te prende?
-E faz mal também.
-Mas te deixa perto de mim.
-Me prende.
-Desculpa, mas não posso parar.
-Involuntário?
-Não. Eu só não consigo ficar longe de você por muito tempo.
-Mas quando perto demais diz que é dificil.
-É complicado.
-Sempre é.
-Queria poder te explicar.
-Não conseguiria, você é do tipo que sofre calado.
-E você do tipo que me faz falar.
-Quase nunca consigo.
-Você que pensa...


"Estas alegrias violentas têm fins violentos,
E falecem no triunfo, como fogo e pólvora,
que num beijo se consomem."
[Romeu e Julieta, ato II, cena VI]

Soneto de Fidelidade

 
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



Vinicius de Moraes

20 janeiro, 2011

2010 ENDS

[esse post está muito atrasado, eu sei. Mas saibam que o escrevi no dia 31 tá? umbj]

Bom, eu não tenho os arquivos da globo e minha memória possui muitos erros e perdas de arquivo.

Mas vamos nessa!




Eu não sei dizer o que faz um ano ser exatamente bom, mas sei que esse foi muito bom apesar dos pesares e de tudo o que aconteceu. Dizem que a festa só acaba quando o ultimo convidado vai embora, e bom, eu não tenho certeza se estaria tão feliz ontem como estou hoje se tivesse escrito isso antes.
É o ultimo dia do ano, e me pergunto se o que eu fiz foi bom, foi produtivo. E quer saber? Eu fiz mais merdas do que eu sonharia para um período tão curto de 12 meses, mas o que essas loucuras me trouxeram nem em mil anos eu conseguiria se permanecesse sã.
Esse ano tudo começou a mudar radicalmente, primeiro para melhor, depois afundou e então nos últimos segundos da prorrogação os nós viraram laços. Droga, metáforas idiotas, saiam de mim.
Sofri mudanças durante todo o ano, e minha frase de praxe "constantes mudanças" nunca me pareceu tão concreta.
Inicio de ano e tudo na mais perfeita paz. Amizade mais forte do que nunca com com as duas melhores amigas (isso me soa tão pré-escolar. shit) e uma alegria garantida achada no myspace em Setembro do ano anterior. Vivíamos juntas, nós três e eles. A HB foi um presente que ganhamos, junto com as piadas e tudo o que ofereceram. Conhecemos boa parte de Teresópolis nos perdendo por ela enquanto tivemos tempo.
 Enquanto andava tudo ás mil maravilhas o monstro do ensino médio estava á caminho. Tivemos sorte e pesar em relação á isso. Sorte por estudar em um colégio tão maravilhoso que nos permite buscar nossa responsabilidade ao invés de nos enfiá-la guela á baixo. Pesar porque não descobrimos o quanto era difícil agir por si próprio á tempo para resgatar tudo o que perdemos.
O grande grupo do fundão direito fora se separando por uma sala de aula que naquele momento, mais do que nunca, parecia enorme. Batidas de frente, palavras nada gentis, gritos até. Depois faríamos as pazes. Ou não?
Como disse, foi um ano difícil. Havia mentes sobrecarregadas e corações partidos para onde quer que olhasse. Nossa tão aclamada amizade havia partido, junto com nossos finais de semana e a razão que ainda nos mantia juntas. Evaporou, como todas as coisas pelas quais havíamos passado.
Depois as peças se ajeitaram e a ventania virou brisa leve. Ao menos isso tudo nos rendeu maturidade, mais do que podíamos pensar em conseguir. E não só    maturidade, rendeu promessas para 2011.
O ano foi maravilhoso, triste,tenso e feliz, respectivamente. OU não.

10 janeiro, 2011

like a soul scream

Fala umas verdades, joga na própria cara
Arranha o coração, descasque a ferida
Encrave as unhas crescidas, uma faca de lâmina afiada.
Meta o dedo na garganta, esvazie o espaço abarrotado de palavras
Ouse mais! Use palavras obscenas se preciso
Se não fizer o trabalho você mesmo quem vai fazer?
Arranque as tripas com as mãos
Ao invés de um coração de pedra
Tenha dois repletos de emoção
E faça do sentimento ações.
Aja, e não só concorde.
Luta, corra!
Não é tarde demais, quase nunca é.
Falar é fácil, difícil é fazer.
(E como é!)
Enfia o dedo na garganta,
peneire a gosma e seja feliz.
A gosma é mais densa e material do que pensas, ingênua criança.
Transforme-a em arte.
Um vaso talvez.
Quiçá, dois ou mais!
Viva, mas mais na vida material do que na mente.


FUCK THE RULES


Ás vezes penso ter problemas com minha personalidade. Sou tantas e sou nenhuma.
Sou afiada e confortável;  doce e amarga, ora até azeda; sou quieta e falante, rocker e menininha.
Eu posso ser tudo? Eu posso ser nada? Eu posso realmente ser algo?
Posso sair com uma mochila nas costas, rodar o mundo, encher a cara, ir pra Suíça falando português? E quando voltar, zerar o placar, esquecer tudo e começar de novo ?
Beijar todos, não ficar com nenhum. Fazer tudo errado, e continuar certa. Gritar, pular, esperniar, bater o pé e continuar sendo sensata? Posso hoje dizer ser ateu e amanhã pedir pelo amor de Deus? Posso gostar de um, ser balançada por um outro, e quando esbarrar em outro alguém me apaixonar por uma semana?
Decifrar e mesmo assim ser devorada?
Hoje, preto, roxo e o dedo do meio.
Amanhã camiseta, saias, menininha.
Ir á extremos é tão ruim assim?
Eu vou continuar lendo Crepúsculo, sonhar com o jacob e apreciar Caio F.
Revolucionar minha mente com legião Urbana e depois me entregar á estupidez de uma boyband.



Eu vou e devo ser tudo o que eu quiser, assim que eu quiser. Ou devo deixar pra por um pircing no nariz, um alargador na orelha e pintar o cabelo quando eu tiver 25 anos?
Sim, porque seria muito sensato enlouquecer quando tiver tempo livre (mas quem disse que tem que ser?).
AAAH, let it be! Feel the revolution, drink coke and sleep late.
Beba café e vá dormir, dá um tempo.
Viva de acordo com o tempo de sua mente, e se ele for rápido demais pra você, não desista. Tenta. Ou vai mesmo esperar ter 25 anos?
Isso não é uma crise de meia idade, mas é sim uma crise de meia idade ao 15, 16...
Minha vó outro dia disse que pareço ter 30!
Beba, perca a hora, não saiba como voltar pra casa. Sorria! Gargalhe, escorregue no sabão que não havia ali minutos antes.
Intensidade é algo incrível, mas só um polo da vida é meio-termo de mais.
Fuck the rules, fuck the people. Let's break the rules, just once. And if this is so much, I'm so sorry for you.
LOSER!