04 novembro, 2010

Ciclo

Jogou os rascunhos fora, se desfez dos ensaios feitos em sua mente  um dia antes, aproximou-se em dois passos acanhados e cheios de receio, então pôs-se a dizer palavras emboladas que escorriam de sua boca como água corrente:
-As coisas vão acontecendo num desenrolar de caminhos que parecem cada vez mais se enrolarem.   Não importa que agora eu esteja chorando, morta, introspectiva. É um preço a pagar, e como das outras vezes a sensação vai desaparecer, tanto da dor quanto da felicidade.
Ele a olhou se arrependendo de cada uma das promessas que um dia fizera e agora sabia que nunca se cumpririam. Disse palavras não muito doces, mas que desencadearam lágrimas no rosto frágil e de traços finos da menina:
-É tudo um ciclo, nada mais é paralelo. As histórias se repetem e sempre, sempre, pulam de um fim para um novo começo, não depende mais de nós, não diretamente. Não faça me sentir pior, desculpe-me por algo, ou por tudo.
Ela que recuou um passo e mais que ninguém sabia o que aquilo significava. Apertou bem os olhos para expulsar as lágrimas e então como se fosse o último jato de água que sairia daquela torneira terminou tudo ali, com palavras práticas e rápidas:
-Bom,  tudo passa. Assim como a felicidade, assim como a dor, ISSO TAMBÉM VAI PASSAR.
Assim, de modo rápido, doloroso e com poucas palavras, evaporaram um da vida do outro. Toda uma história, todo um sentimento, naquela tarde evaporava e se juntava às nuvens densas daquela tarde silenciosa.
Sumir, desaparecer, evaporar!




Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente.
Caio F.

Um comentário:

Anônimo disse...

você não sabe quem sou
mas me fez chorar
por me fazer sintir
que já disse
e já fiz
algo paracido
com alquem especial, para mim
fazendo me arrepender
de ter deichado ela evaporar
tantas, e tantas vezes
mas o seu poema me inspirou
a contar a ela o que eu sinto
mesmo que isso possa ser ridiculo