25 julho, 2022

Sem título


 O cursor fica piscando no início da página e aquele texto de pensamentos confusos não me sai da cabeça. Literalmente não sai. O cursor e eu somos a mesma coisa, ele fica ali parado, piscando, e eu encarando ele piscar enquanto visito esses sentimentos emaranhados e tento pinçar uma frase. Não cabe num tweet. Abre um post, tamborila os dedos no teclado... Encara o cursor piscando na folha em branco. Divaga sobre ele, sente-se ele. NADA. Esse é o sentimento. O cursor piscando no início da página, potencialmente contendo tudo e esperando parado&inquieto algo sair. Não sai. Não sempre.

Não tem poesia, não tem tweet que expurga isso. Tento, na esperança de vir aqui, que eu possa matar um pouquinho disso em mim. Transmutar, transformar, transcender. Talvez sejam palavras melhores. A verdade, é que eu não sei o que dizer, não há mais, as cortinas fecharam e as luzes foram todas apagadas. Não há quem vá ouvir. Ela não está mais lá. Só sobrou eu na plateia. Assistindo-a partir. Eu gosto de contemplar o espetáculo, digerir e partir sem resquícios, se possível. Depois que as cortinas fecham a gente respira. Às vezes voltam pra salva de palmas, às vezes é um fim absolutamente silencioso e ensurdecedor. "Acabou?"

Outro dia eu tomei duas taças de vinho e vomitei. Eu fiquei tão feliz! Eu sei que isso é extremamente perturbador, mas não se assuste. Eu só pensava em como queria estar vomitando e colocando pra fora toda esse enjôo pesando meu estômago. Eu queria estar vomitando você, te pondo pra fora, ainda que de forma perturbadora e doída. Eu só queria te pôr pra fora de mim, sua presença ou o que sobrou da tua ausência barulhenta.

Me custou muito ser a mulher quem eu sou, em essência. Isso tudo que você tá vendo, ou já viu. Intensidade, força, delicadeza, drama, humor duvidoso, dificuldade em demonstrar "fraqueza"... Acredito às vezes que o traço de apaixonamento pode ser o mesmo de desapaixonamento. 

- O que você pensa disso, baby?

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