22 julho, 2012

Pobre destinatário de confuso remetente



Te escrevo entre folhas caídas do outono, ora bonitas, ora tristonhas
Te escrevo entre lágrimas e sorrisos, e se me atrevo mais, choro até por isso
Te escrevo meio assim, sem querer, e quando caio em mim, aqui está você

Te escrevo desse meu jeito meio torto, ora prosa, ora poesia
Meio sem formato, sem gramática, sem forma
Nada parnasiano, mas tão rico em sinceridade, que quem liga? Quem nota? 
Me diz quem, de fato, se importa? 


Te escrevo sem porquê, sem na verdade entender
Nem sei se me lê, mas escrevo-te para saber
Saber na verdade nem sei mais o quê
Talvez o quanto me ocorra, mas pra isso não seria preciso escrever

Digo tanto coisa, a quem digo nem mais sei
Não escrevo a ti por fim, escrevo será, portanto, a mim?

Deixando em palavras o que não mais faço questão de entender
Junto alguns verbos no gerúndio à continuidade de tudo aquilo que paira no espaço
No infinitamente não ser, o que não se dissipa, mas também não ousa desaparecer

Vejamos por aqui, a quem falo? A quem escrevo?
A quem apresento tantos amores em formas indefinidas de urgente anseio?


O que escrevo, nada mais é do que me passa. 
Passam por mim tantos bobos sorrisos e suspiros sem graça, que escrevo a quem me fala, ainda que erroneamente direcione minha fala.



Um comentário:

Alicia disse...

escrevo pra multidão que mora em mim.
belo texto!