Cai o mundo, eu persisto
Pisam forte e eu insisto
Perco o caminho, o ninho, a razão
Perco inclusive a mim mesma nesse apagão
Quando apagam as luzes eu paraliso
E eu lá sou doida de pisar onde não vejo? Não piso!
Quem não se mexe no escuro não tropeça em nada
E também não sai do lugar...
É preciso parar pra tomar fôlego e continuar
Empurrar a perna adormecida pra frente, forçar-se a andar
Não teve mais água nem pra chorar
Algo aqui dentro secou quando o mundo decidiu desabar
Não tinha nem mais palavras melancólicas pra confortar
Poesia alguma pra abraçar, fazer de apoio, extravasar
Nem vontade, ou choro, ou grito
Não houve nem eu mesma querendo achar a melhor forma de lidar com tudo isso
Só uma coisa me deu esperança, quando apareceu de maneira peculiar
Essas rimas bobas, tudo no infinitivo, querendo ajudar
Sei que a coisa tá feia, tá difícil melhorar
Mas eu ainda mantenho uma centelha de esperança
Enquanto existir poesia nem que seja para choramingar