23 junho, 2011

Quinta estação


Prepare o guarda-chuva garota, começou a chuva e o vendaval.
Sorrisos, carências, tristeza, satisfação. Sabe enfim dizer o que dentro de ti acontece? Escreva, descreva,  apague e caia por fim na inconsciência que te basta.
Chore se preciso, esconda-se se necessitar. Xingue se explodir, grite desafinado pra transformar. Enfim, vazia, esqueça.
Amanhã é outro dia e o céu ta nublado, compre chocolate e sente-se perto de pessoas diferentes. Observe-as enquanto falam, enturme-se. Na prorrogação do segundo tempo tudo irá sempre mudar mesmo.
Comprima-se, espalhe-se, cale-se ou grite. Sua irritação está em alta e o sol mostrou a cara. Não adianta se esconder, ele achou você. Não há sombra ou disfarce útil, pois você tá feliz de novo!
O sol se pôs, o sistema nervoso saiu da calmaria. É mais uma vez ventania dentro de ti. Faz frio com frequência, mas frio do que em qualquer lugar. Suas flores de primavera se fecharam, recolheram sua exuberância se protegendo da neve que está por cair. Nevou, embranqueceu os campos recém formados da primavera instantânea. O frio arrepiou a alma.
Você fecha os olhos, as pálpebras suplicam pelo fim do dia. Suas mãos estão geladas, seu coração também. O sangue passa por sua cavidades sem se fazer notar.
Mas  nada é como parece ou termina como se prevê.
O sol da meia-noite chega sorrateiro, derrete a neve e forma um rio de leito largo. E como se fosse a primeira vez você põe os pés naquele rio, e deixa, sem relutar, a umidade do verão chegar. Faz sol dentro de você, o sangue corre pelas veias, e vai saber o que se passa dentro da cabeça de quem o sente.
E não importa, quantas vezes o ciclo se repita, você nunca botará os pés no mesmo rio pois as águas nunca serão as mesmas.
És por fim, tempestade de emoções.

15 junho, 2011

citação: Caio F

"Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem.
Mas me diga logo para que eu possa desocupar o coração.
Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida.
E não darei.
Não é mais possível.
Não vou me alimentar de ilusões.
Prefiro reconhecer com o máximo de tranquilidade possível do que ficar à mercê de visitas adiadas, encontros transferidos.
No plano real: que história é essa?
No que depende de mim, estou disposto e aberto.
Perguntei a ele como se sentia.
Que me dissesse.
Que eu tomaria o silêncio como um não e que também ficaria em silêncio.
(...) Anyway, me dói a possibilidade de um não, me dói a possibilidade de um silêncio, me dói não saber de que forma chegar a ele, sacudi-lo dizer me olha, me encara, vamos ou
 não vamos nessa?"

03 junho, 2011

Anseio por calor


O que fazer com o vazio? Vazio que corrompe e dilata.
Como lidar com a falta de tudo? Falta de calor, de barulho, de toque e contato.
Não pense que sou demasiado carente! Posso me virar por muito tempo sozinha e quieta, pensando só pra mim e mordendo a língua quando questionar proferir algo não  muito educado. Sei me controlar e talvez até me alimentar sozinha. Posso sobreviver, só não posso viver sozinha.
Você me compreende, não compreende?
Eu só preciso, vez em quando, de cafuné e colo. Talvez se puder sussurrar algo no meu ouvido e arrepiar toda minha espinha dorsal eu seria grata. Olhar nos meus olhos e sorrir, sorrir também com os olhos! Me fazer cosquinha e implorar por um beijo. Sair correndo com minha bolsa e fazer de mim demasiado inocente outra vez.
Se você pudesse me abraçar e passar todo o seu calor pra mim, respirar no meu pescoço e não me soltar por nada. Liberar essa corrente elétrica que percorre meu corpo a cada vez que me encosta, sentir o choque de minhas mãos trêmulas. Andar do meu lado, olhar pra mim e me ver... deixar eu te ver.
Você entende essa troca de calor que anseio? Digo, o toque, a respiração próxima, seus dedos entrelaçados no meu e nossos corpos próximos se desejando como ímãs.
Meu corpo, olhar e coração andaram vazios por tempo demais e o calor se transfigurou em vazio. O vazio da angústia e da espera ansiosa por algo novo que nunca chegaria a ser. Você pode entender meu desespero descontrolado em uma tentativa frustrante de não-histeria?  Pode sentir o latente alerta procurando por calor? Eu estive sozinha, vazia e sobrevivi por muito tempo, agora quero algo além do calor de subsistência. No final só quero mesmo te perguntar se você poderia me esquentar neste inverno rigoroso que tem feito dentro de mim e que extinguiu todo o meu amor e calor. Você pode?